GOMES, Nayara de Souza. A perspectiva da equipe técnica de centros pop e abrigos para população em situação de rua sobre sua atividade. 2017. 138p Dissertação (Mestrado em Psicologia, área de concentração em Processos Psicossociais e Coletivos). Instituto de Educação, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2017.
A assistência social passou a ser vista como profissão e Política Pública a partir da Constituição Cidadã de 1988. Toda sua trajetória até o referido ano foi baseada em caridade e intervenção religiosa, o que fez com que as ações assistenciais fossem realizadas através da benemerência. Com a passagem da caridade para a garantia de direitos, a assistência desenvolveu o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, o qual oferece proteção socioassistencial para áreas de vulnerabilidade. Dentre os usuários do SUAS, destaca-se a População em Situação de Rua (PSR), formada por indivíduos caracterizados pela situação de discriminação e pelos estereótipos, vistos como marginais, conforme leitura de Serge Paugam (2001), e marcados pela relação entre pobreza e criminalidade, discutida por Coimbra (2001). Devido ao fato da Política Nacional para População em Situação de Rua ter sido promulgada somente em 2009, os serviços destinados a esta população, no SUAS, são considerados novos. Com a exigência, por parte da Política Nacional de Assistência Social, de uma equipe técnica, composta por psicólogos e assistentes sociais, para a realização do acompanhamento destes usuários, tornam-se necessárias uma reflexão acerca da oferta de serviços para a PSR e a análise desses profissionais sobre suas áreas de atuação. Sendo assim, esta dissertação tem o objetivo de investigar a perspectiva desses profissionais referente à sua atuação nas instituições voltadas à População em Situação de Rua (PSR), como Centros Pop e abrigos. Para tanto, o método utilizado por esta pesquisa foi o qualitativo exploratório e os dados oriundos desta foram analisados a partir da perspectiva da psicologia social. Como resultado, percebemos que as Secretarias Municipais de Assistência Social estudadas não fornecem os recursos necessários para a realização de um trabalho voltado à garantia de direitos da PSR. Tal oferta é impossibilitada pelo preconceito, por parte da gestão municipal, e pela fraca articulação destas instituições com a rede, o que impossibilita a reflexão dos profissionais sobre sua atuação com a PSR, resultando no sentimento de desvalorização profissional por atuarem com tal público.